quarta-feira, 28 de abril de 2010

VILA BRANDÃO

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO
Incrustada no morro, na encosta do Yacth Clube da Bahia, mais para o lado esquerdo onde se acham os estaleiros do clube, acha-se a comunidade denominada Vila Brandão.



Vila Brandão

Ela tem 70 anos de existência, isto é, as primeiras casas foram ali instaladas por volta de 1950 por Antônio Florentino da Silva que viveu exatamente 100 anos, tendo falecido em 2007.

Recentemente, a Prefeitura de Salvador desapropriou a área e a medida está causando celeumas de toda ordem. Dizem uns que a referida desapropriação foi feita por pressão exercida pelo Yacht Clube da Bahia. Outros opinam que a pressão vem do setor imobiliário, isto é, das grandes empresas construtoras.

A primeira hipótese não nos impressiona. O Yacth convive com a Vila Brandão desde há muito tempo. Não diríamos que seja um convívio pacífico. Tem havido confrontos! O clube defende o seu direito de preservar a encosta que fica exatamente em frente à sua sede. Se ele abrir mão desse direito, a expansão da vila se fará até quase a laje de suas instalações. Ninguém se iluda disto! O Clube perderia toda a privacidade. Ficaria horrível e quase inviável.

Somos mais pela segunda hipótese. Desde a destruição imperdoável da Mansão Wildberger. Ela ficava bem ao fundo da Igreja da Vitória, e pertencia à tradicional família baiana que a transformou em casa de eventos.

Colunas gregas


Estilo mexicano

Em 28 de janeiro de 2007 uma construtora demoliu quase totalmente a referida mansão visando construir no local um edifício de 35 andares.


Um gigante
Em contrapartida, a construtora se comprometia ao seguinte, segundo nota veiculada na internet com grande destaque e que reproduzimos na íntegra, sem tirar nem por:

“Mansão Wildberger - A população de Salvador, que perdeu boa parte do visual para a baía de Todos os Santos com algumas edificações desordenadas ao longo do tradicional Corredor da Vitória, terá de volta a paisagem do mar e das ilhas descortinadas de um mirante público a ser aberto ao lado da Igreja, com vista de 180 graus trazendo aos olhos um cartão postal que se descortina da Igreja de Santo Antonio da Barra à Basílica do Senhor do Bonfim. Desde a sua entrada o Largo receberá uma intervenção paisagística que engalanará a antiga pracinha, dotando-a de bancos, jardins, lixeiras, iluminação noturna especial, espelho d'água e fontanário, além de gradil com desenho artístico e um calçamento com belo e multicor pavimento.O prédio será implantado nos fundos da Igreja da Vitória em terreno ao lado da antiga residência da família Wildberger, que alterou a arquitetura mexicana do imóvel com um modernoso cimento aparente e apertados cômodos, descaracterizando o projeto inicial. (malho nos proprietário da mansão) Será substituído por uma construção marcada pela elegância refletida em sua volumetria e fachadas no mais alto nível alcançado na Bahia.”

Claro que esta nota foi dada por alguém ligado à construtora e apresenta seus interesses. Contudo, há de se reparar um detalhe importante na referida nota quando ela diz no último parágrafo que: “O prédio será ao lado da antiga residência da família implantado nos fundos da Igreja da Vitória em terreno ao Wildberger, que alterou a arquitetura do imóvel com um modernoso de cimento e apertados cômodos, descaracterizando o projeto inicial”.

Estamos nos reportando a essa nota justamente porque o ponto nevrálgico da questão, envolvendo a construtora, Prefeitura e o Iphan, está justamente, na autorização ou não da demolição da mansão.

A construtora diz que teve essa autorização; a Prefeitura diz que não deu e o Iphan afirma que só com seu aval seria possível a demolição...

Mas a nota que acabamos de reproduzir esclarece bem a questão quando ela diz que “o prédio será implantado nos fundos da Igreja da Vitória em terreno ao lado da antiga residência...” Ela não diz que o prédio será implantado no local onde se encontra a residência.
Mas, mesmo assim, a mansão foi demolida!

Fazemos nossas as seguintes palavras de uma professora da Universidade da Bahia:

“É um crime o que estão fazendo com o casarão”, comenta a professora. Para ela, além de ser uma das últimas casas da Vitória – agora restaria apenas a Residência Universitária da Ufba – a mansão possuía um valor histórico para a memória da Bahia. “É uma pedaço da história que se perde”.

Passados três anos, águas acalmadas, eis que a Prefeitura resolve desapropriar a Vila Brandão. Dizem muitos que a Vila Brandão não se coaduna com o grande empreendimento que se fará ao seu lado. Um prédio dessa magnitude ao lado de uma “favela” perderia muito de seu valor. É muito forte essa vertente de pensamento.

O mesmo procedimento a Prefeitura não teve com as favelas da Avenida do Contorno, há um quilômetro da Vitória. Muito pelo contrário! Andou até pintando suas casas e, registre-se, esta área tem monumentos preciosos como o Solar do Unhão, sua Igreja, seu museu, etc. etc.

Dois pesos e duas medidas há poucos metros.

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