quinta-feira, 29 de abril de 2010

LARGO DA VITÓRIA

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO
A tradicional Ladeira da Barra desemboca no Largo da Vitória, também tradicionalíssimo, em razão da igreja que ali se encontra magnífica e solene, a Igreja de Nossa Senhora da Vitória. Em frente, em direção ao Centro da Cidade segue o Corredor da Vitória cujo nome se origina da vitória na guerra da Independência da Bahia, quando as tropas nativas tomaram a cidade do governo português.
Igreja Nossa Senhora da Vitória
O Largo da Vitória tem também seu nome oficial: chama-se Praça Rodrigues Lima, personalidade que foi Governador da Bahia entre 1892 e 1896. Foi sucedido por Luiz Viana. Seu nome completo era Joaquim Manuel Rodrigues Lima. Era natural de Caitité. Nasceu em 4/05/1845 e morreu em 18/12/1903.
Rodrigues Lima
Apesar de seu valor histórico e patrimonial, somente em 2007 a referida igreja foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Naciona (Iphan), isto devido às ameaças manifestadas pela febre imobiária sobre a área onde ela se encontra, bastando lembrar que, logo atrás, uma determida construtora botou abaixo a Mansão Wildberger, afim de construir no local um prédio de 35 andares. Esta mansão ficava no entorno da coisa tombada, portanto, não poderia ser destruida, mas foi.

Mansão destruida

Parece que os autores do feito, herdeiros e construtores, alegaram que a igreja ainda não tinha o tombamento definitivo, contudo a lei é bastante clara a esse respeito quando, através do Dec. Lei 25 de 30/11/1937 determina que “para todos os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o tombamento provisório equiparará ao definitivo e, em sendo assim “não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça a visibilidade nem colocar anúncios ou cartazes...)
E será que o prédio que sería ou será construído impediria a visibilidade da igreja? Para responder é bastante ver a foto seguinte do entorno e, sem dúvida, a resposta é positiva.


A igreja é o imóvel com amplo telhado. A mansão são as edificações no seu fundo, à esquerda, em meio a uma área verde. Imaginem o que seria um espigão logo aí. Além do mais, iria prejudicar toda a área verde do local.


A Bahia está na expectativa. O Iphan já mandou os responsáveis pela destruição da mansão recuperá-la, na extensão demolida.


Eis a decisão: Vem o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, ADVERTIR V. SA. QUE ANTES DA ANÁLISE DO PROJETO DE DEMOLIÇÃO E DE CONSTRUÇÃO NO IMÓVEL LOCALIZADO NA RUA RODRIGUES LIMA, Nº 04, SALVADOR—BA, E EXPRESSA AUTORIZAÇÃO DA AUTARQUIA BASEADO EM PARECER TÉCNICO, NENHUMA OBRA DE DEMOLIÇÃO, ALTERAÇÃO OU CONSTRUÇÃO ESTÁ PERMITIDA OU PODE SER REALIZADA, SOB PENA DE INFRINGÊNCIA AOS DISPOSITIVOS LEGAIS ACIMA ESPECIFICADOS.


Mas, ao tempo que isto acontece, a Prefeitura desapropria a Vila Brandão que começa justamente ali no Largo da Vitória. Será que o decreto de desapropriação procura se coadunar com a decisão do Iphan ou está à favor da imobiliária e dos herdeiros? Só o tempo dirá.

Entrada principal da Vila Brandão - Num dos lados do Largo da Vitória

Mas, deixando esta briga de cachorro grande para lá, voltemos à nossa igreja e vejamo-la como ela era em tempos passados:


1890


1915

1920



1925

Sua estética foi reformulada para uma linguagem neoclássica em 1910, quando já predominava o movimento do ecletismo.
Em sua fachada branca, repleta de talhas, frisos, guirlandas e festões, encontra-se o clássico frontão triangular greco-romano, sobre colunas. Seus altares guardam grande acervo de imagens barrocas. Suas paredes são adornadas com afrescos dos Passos da Paixão. 4 lápides no interior da igreja foram inscritas, em 1938, no Livro de Tombo das Belas-Artes.
Naturalmente, não se pode falar da Igreja da Vitória sem se fazer uma referência toda especial ao Monsenhor Sadock. Hoje com 94 anos, dirige essa igreja de forma extraordinária. É requisatado para as grandes cerimônias que se realizam em Salvador. Hoje é o maior orador sacro da Bahia, quiçá do Brasi


Monsenhor Gaspar Sadock

Nascido em Santo Amaro da Purificação em 20 de março de 1916, desde pequeno Sadoch frequentava as missas e admirava o trabalho dos padres. Iniciou a vida religiosa ainda muito jovem, no ano de 1929. Aos 25 anos foi ordenado padre, em 30 de novembro de 1941. Sadock divide sua trajetória em três momentos principais, nas três paróquias em que trabalhou: em 1942 administrou a Paróquia de São Cosme e São Damião, na Liberdade, onde passou sete anos; em seguida foi transferido para a Paróquia Cristo Rei São Judas Tadeu, na Baixa de Quintas, onde trabalhou por 17 anos; em 1968 foi para a igreja Nossa Senhora da Vitória, onde atua até hoje, realizando diversos trabalhos sociais.







ELUCIDAÇÕES FOTOGRÁFICAS

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO

Em 21/04/10 publicamos uma postagem sobre o Largo do Farol, o antigo. Mostramos uma foto aonde ainda não existia o posto de combustível que hoje o enfeia, desde que ele não se coaduna com o ambiente do local.

Nesse sentido, fica difícil entender porque a Prefeitura e órgãos especializados em assuntos de urbanidade, aceitam a instalação desses equipamentos em determinados lugares de Salvador. Este é um deles!

Pois bem, na referida postagem, publicamos a referida foto, contudo, ela não tem a nitidez necessária, ocasionando uma dúvida sobre o que era a haste que se via ao lado esquerdo da árvore, na ponta do passeio.
A primeira foto
Felizmente, acabamos de receber uma coleção de fotos do amigo Sergio Netto e eis que entre muitas, estava lá a mesma foto, mas com uma nitidez que não possui a que havia publicado.

A mesma foto com a nitidez necessária!

Ela, então, esclarece que, efetivamente, a tal da haste a que nos referíamos, é, em verdade, uma antiga bomba de gasolina e aproveitando a oportunidade, é de se comentar como era interessante esse equipamento, desde que sozinho cumpria sua finalidade funcional. Hoje, é todo um aparato, uma estrutura gigantesca, onde o que menos se vê, são as bombas de gasolina. O resto é lanchonete, revenda de botijões de gás, tabacaria, padaria e até venda de camarões. Não se chama mais Posto de Gasolina – chama-se Loja de Conveniência. À noite, algumas delas tornam-se boate, desde que se dança em seus espaços ao som de potentes sistemas de som de carros altamente produzidos. São espaços criados pela juventude de hoje, inusitados.

FAROL DA BARRA

Outra postagem que deve ter criado alguma dúvida, foi aquela onde nos referíamos que, na encosta lateral do Farol da Barra, existia uma casinha que era um depósito de cana de açúcar.
A foto que se publicou, a tal da casinha não aparecia muito bem. Deixava dúvidas quanto a sua veracidade. Em pleno Farol da Barra, um depósito de cana? Agora, entretanto, a tal dúvida deixará de existir. Na foto acima, a “casinha” se nos apresenta bem nítida. Era um depósito mesmo, propriedade do vendedor de caldo do passeio. Óra esta!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

VILA BRANDÃO

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO
Incrustada no morro, na encosta do Yacth Clube da Bahia, mais para o lado esquerdo onde se acham os estaleiros do clube, acha-se a comunidade denominada Vila Brandão.



Vila Brandão

Ela tem 70 anos de existência, isto é, as primeiras casas foram ali instaladas por volta de 1950 por Antônio Florentino da Silva que viveu exatamente 100 anos, tendo falecido em 2007.

Recentemente, a Prefeitura de Salvador desapropriou a área e a medida está causando celeumas de toda ordem. Dizem uns que a referida desapropriação foi feita por pressão exercida pelo Yacht Clube da Bahia. Outros opinam que a pressão vem do setor imobiliário, isto é, das grandes empresas construtoras.

A primeira hipótese não nos impressiona. O Yacth convive com a Vila Brandão desde há muito tempo. Não diríamos que seja um convívio pacífico. Tem havido confrontos! O clube defende o seu direito de preservar a encosta que fica exatamente em frente à sua sede. Se ele abrir mão desse direito, a expansão da vila se fará até quase a laje de suas instalações. Ninguém se iluda disto! O Clube perderia toda a privacidade. Ficaria horrível e quase inviável.

Somos mais pela segunda hipótese. Desde a destruição imperdoável da Mansão Wildberger. Ela ficava bem ao fundo da Igreja da Vitória, e pertencia à tradicional família baiana que a transformou em casa de eventos.

Colunas gregas


Estilo mexicano

Em 28 de janeiro de 2007 uma construtora demoliu quase totalmente a referida mansão visando construir no local um edifício de 35 andares.


Um gigante
Em contrapartida, a construtora se comprometia ao seguinte, segundo nota veiculada na internet com grande destaque e que reproduzimos na íntegra, sem tirar nem por:

“Mansão Wildberger - A população de Salvador, que perdeu boa parte do visual para a baía de Todos os Santos com algumas edificações desordenadas ao longo do tradicional Corredor da Vitória, terá de volta a paisagem do mar e das ilhas descortinadas de um mirante público a ser aberto ao lado da Igreja, com vista de 180 graus trazendo aos olhos um cartão postal que se descortina da Igreja de Santo Antonio da Barra à Basílica do Senhor do Bonfim. Desde a sua entrada o Largo receberá uma intervenção paisagística que engalanará a antiga pracinha, dotando-a de bancos, jardins, lixeiras, iluminação noturna especial, espelho d'água e fontanário, além de gradil com desenho artístico e um calçamento com belo e multicor pavimento.O prédio será implantado nos fundos da Igreja da Vitória em terreno ao lado da antiga residência da família Wildberger, que alterou a arquitetura mexicana do imóvel com um modernoso cimento aparente e apertados cômodos, descaracterizando o projeto inicial. (malho nos proprietário da mansão) Será substituído por uma construção marcada pela elegância refletida em sua volumetria e fachadas no mais alto nível alcançado na Bahia.”

Claro que esta nota foi dada por alguém ligado à construtora e apresenta seus interesses. Contudo, há de se reparar um detalhe importante na referida nota quando ela diz no último parágrafo que: “O prédio será ao lado da antiga residência da família implantado nos fundos da Igreja da Vitória em terreno ao Wildberger, que alterou a arquitetura do imóvel com um modernoso de cimento e apertados cômodos, descaracterizando o projeto inicial”.

Estamos nos reportando a essa nota justamente porque o ponto nevrálgico da questão, envolvendo a construtora, Prefeitura e o Iphan, está justamente, na autorização ou não da demolição da mansão.

A construtora diz que teve essa autorização; a Prefeitura diz que não deu e o Iphan afirma que só com seu aval seria possível a demolição...

Mas a nota que acabamos de reproduzir esclarece bem a questão quando ela diz que “o prédio será implantado nos fundos da Igreja da Vitória em terreno ao lado da antiga residência...” Ela não diz que o prédio será implantado no local onde se encontra a residência.
Mas, mesmo assim, a mansão foi demolida!

Fazemos nossas as seguintes palavras de uma professora da Universidade da Bahia:

“É um crime o que estão fazendo com o casarão”, comenta a professora. Para ela, além de ser uma das últimas casas da Vitória – agora restaria apenas a Residência Universitária da Ufba – a mansão possuía um valor histórico para a memória da Bahia. “É uma pedaço da história que se perde”.

Passados três anos, águas acalmadas, eis que a Prefeitura resolve desapropriar a Vila Brandão. Dizem muitos que a Vila Brandão não se coaduna com o grande empreendimento que se fará ao seu lado. Um prédio dessa magnitude ao lado de uma “favela” perderia muito de seu valor. É muito forte essa vertente de pensamento.

O mesmo procedimento a Prefeitura não teve com as favelas da Avenida do Contorno, há um quilômetro da Vitória. Muito pelo contrário! Andou até pintando suas casas e, registre-se, esta área tem monumentos preciosos como o Solar do Unhão, sua Igreja, seu museu, etc. etc.

Dois pesos e duas medidas há poucos metros.

terça-feira, 27 de abril de 2010

AINDA A LADEIRA DA BARRA

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO

Registrados os pontos mais relevantes da Ladeira da Barra, de resto ela tem à sua direita de quem sobe, magníficos prédios de apartamentos com vista para o mar e à sua esquerda, do lado do mar, novos e velhos prédios de baixa altura desde que não se permite construir nada além de dois andares.

Entre os prédios antigos, destaque precisa ser feito para aquele onde funciona hoje a Aliança Francesa. Simplesmente maravilhoso. Antes, no local, funcionava o Hotel Colonial.

Aliança Francesa

Pegado à Aliança, vê-se a residência acima. Ela pertenceu a um dos homens mais ricos de Salvador. Diz-se que possuía 100 imóveis no Comércio. Tinha procedência árabe.



MORRO DO CLEMENTE

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO
Em frente ao Yacth e ao Cemitério dos Ingleses, portanto à direita de quem sobe a Ladeira da Barra, vamos encontrar a segunda maior reserva de Mata Atlântica dentro da cidade. Há diversas denominações para o local e uma delas é “Mansão Clemente Mariani”. Mas entre a importância de uma mansão que quase não é percebida e o enorme espaço verdejante onde ela se encontra, seria necessário um nome mais apropriado à reserva. Podemos chamá-lo de Morro do Clemente.
Entrada principal
Acesso

Mansão e piscinas


O Morro do Clemente por inteiro
Já temos o Morro do Cristo, Morro do Gato, Morro do Gavazza, Morro de Santo Antônio da Barra e agora temos o Morro do Clemente em alusão ao senhor Clemente Mariani.
Nasceu em Salvador no dia 28/9/1908 e morreu em 13/8/1981. Foi advogado, professor, jornalista, banqueiro e político dos bons. Como político foi deputado estadual e federal e ministro da Educação no governo Dutra em 1950 e da Fazenda no governo Janio Quadros em 1955, além de ter presidido o Banco do Brasil. Como banqueiro foi presidente dos Bancos Comercial da Bahia e Bahia, este último vendido ao Bradesco em 1972.
Era governador da Bahia o Sr. Antônio Carlos Magalhães e este quando soube que o Banco da Bahia tinha sido vendido ao Bradesco, desapropriou a mansão onde morava o então banqueiro, justamente o nosso Morro do Clemente. Isso aconteceu em pleno 2 de julho.
ACM saiu do desfile e se dirigiu ao palácio. Lá assinou o decreto de desapropriação, confirmado pela justiça após recurso impetrado “a bem do interesse público”. Talvez tenha sido uma boa medida. Não fosse isto, hoje teríamos no lugar um condomínio de grandes edifícios de apartamentos. Não há a menor dúvida!

A área tem cerca de 100.000 metros quadrados ou mais. Bem ao centro da reserva, vê-se o azul de uma piscina. Nas decadas de 1940-1950, essa área se estendia por todo o espaço onde é hoje o Conjunto Clemente Mariani, abranjendo às ruas Dr. João Pondé, Raul Drumond, Oliveira Salazar e Av. Pres. Kennedy. Do outro lado, alcançava a área do Porto. Era uma área imensa. Na baixada do morro tinha um campo de futebol que se chamava Campo do Galícia, desde que aí treinava esse time. Os clubes amadores também o usavam com frequência.

YACTH CLUBE DA BAHIA - 4

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO

Sem nenhuma dúvida, o Yacth Clube da Bahia é, atualmente, o melhor clube náutico do Brasil. É perfeito! Este blog rende suas homenagens a esse extaordinário clube através uma sucessão de fotos de suas dependências e outras:

O novo elevador
Visto da balaustrada da Ladeira da Barra
De outro ângulo


A piscina à noite - Belíssima



Pier



Espaços maravilhosos e super agradáveis



Bom gosto


Pátio monumental


PARABÉNS





YACTH CLUBE DA BAHIA - 3

DE VILA PEREIRA Á VIA CATHARINO
Ainda de relação à compra da Fábrica Vitória de Xales pelo grupo que constituía o Yacht Clube da Bahia, dizíamos na postagem anterior que, na Praia dos Índios, onde se localizava a referida indústria, existia uma igreja que, inicialmente, não fez parte das primeiras negociações de compra do espaço.Reproduzimos foto onde se vê claramente a referida igreja, com sua torre perfeitamente delineada.
Igreja na Praia dos Índios

Há, contudo, sobre o assunto, muita controvérsia, se era mesmo uma igreja ou se era uma mansão ou um galpão junto à indústria.

Vamos colocar mais farinha nesse saco. Adiante estamos reproduzindo duas telas do pintor Henrique Passos da área a que estamos nos reportando.
Reprodução de tela do pintor Henrique Passos -1

Reprodução de tela do pintor Henrique Passos-2

Como é sabido, antigamente não existiam máquinas fotográficas para registrar os locais, com as facilidades que hoje temos. Eram os pintores que reproduziam as paisagens e cenas da época. É o caso adiante de duas maravilhosas telas da antiga fábrica de xales Vitória (?!), exatamente onde é hoje o Iate Clube da Bahia.
Tratando inicialmente a primeira delas, (1) destacam-se dois grandes casarões debruçados no alto da encosta sendo que o da direita situa-se exatamente onde hoje se encontra o Cemitério dos Ingleses. Ainda no alto, majestosa, vê-se a Igreja de Santo Antônio da Barra.

De relação à vegetação ainda em cima do morro, pedimos atenção para os coqueiros atrás dos dois prédios. Entre os dois prédios, sobe um bueiro de onde se desprende alguma fumaça, naturalmente da atividade fabril. O outro parece ser uma residência de grande porte. Não se percebe a existência de uma igreja ou algo como tal parecida.

Já de relação à segunda tela do mesmo pintor (2) e do mesmo local, pintada do alto, já não se vê os dois antigos prédios da fábrica um ao lado do outro. Vê-se uma estrutura compacta de grande dimensão com uma clarabóia ao centro e um prédio com um andar superposto que deveria ser muito bonito. Ele tem sua frente voltada para o acesso que já se vê no corte da encosta em direção ao Porto, como é hoje, apenas sem as melhorias de contenção atualmente existentes. De novo vê-se um bueiro em sua forma cônica por trás do prédio sede da fábrica. Mais uma vez, não se percebe a existência de nenhuma igreja como é deduzida pela foto que mostramos acima.
Sobre o acesso que se vê no corte da encosta em direção ao Porto, é justamente ele que determina que a segunda tela, é mais atual do que a anterior onde o referido corte ainda não existia.

Finalmente, onde está a igreja que a foto nos revela? Certamente ela de outra época, antes ou depois das telas reproduzidas. A nossa opinião é que a igreja é anterior a tudo e nos baseamos no fato de que, como em outros locais em Salvador à beira-mar – Monte Serrat – Boa Viagem -Penha – Conceição da Praia, entre outras) os padres foram sempre os primeiros a chegar e ao redor da igreja, então, se desenvolvia o restante das construções. No caso em foco, na ânsia incontida de evangelizar os índios que ali tinham uma vila, a igreja foi de logo construída. Depois, veio a fábrica, etc. etc.
Tem uma certa e forte lógica!



segunda-feira, 26 de abril de 2010

YACTH CLUBE DA BAHIA - 2

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO

Já em 1936 o novo clube, recebia as primeiras encomendas de construção de barcos sendo o primeiro deles um iole (1). (barco para a prática do remo).

(1) yole em inglês.

Ainda nesse ano, o governo construiu o acesso pelo Porto, desde que o único então existente era o “bondinho” que servia à fábrica através da Ladeira da Barra. Em 1938, através de gestões feitas pelo grupo, esse mesmo governo construiu a piscina de 50 metros, aproveitando a água do mar. Em contrapartida, o clube se comprometia a ceder a piscina para treinamento aos nadadores de clubes filiados a Federação dos Clubes de Regatas da Bahia, que então dirigia a natação na Bahia, a qual o clube era ou é feliado. Esse acordo foi respeitado por algum tempo e em seguida o clube se fechou para não associados. Hoje o clube participa de campeonatos de natação fora de sua sede, desde que ainda mantêm uma equipe em treinamento, porém a piscina ficou inviabilizada para competições após a última reforma. Rigorosamente, ela tem 49 metros e fração, após erro de assentamento dos azulejos quando da penúltima reforma. Este erro foi constatado pela Confederação Brasileira de Natação, antes do início de um certame nacional.

À bem da observação mais elementar, há que se notar que o imóvel então existente na Praia dos Índios pode não ter sido uma mansão. Vejamo-la de novo em foto comemorativa aos 456 anos de Salvador.
Efetivamente, ao natural da foto, percebe-se que se trata de uma igreja com uma torre e não uma mansão como se relatou. Assim percebido, na história contada por Santos Souza e que reproduzimos com alguns retoques, é de se estranhar, sem dúvida, que na opção de compra feita pelo grupo aos proprietários da Fábrica de Xales Vitória, a “mansão” não tivesse entrado nas negociações. E não entrou por quê? Simplesmente por que ela não fazia parte da fábrica. Em sendo uma igreja deveria pertencer à Cúria de Salvador. Devem ter sido feitos entendimentos com os dirigentes católicos sobre a venda do templo ou sua destruição, o que se concretizou na segunda visita do grupo aos empresários.


Cais de atracação com elevação

Antes que nos esqueçamos, o primeiro Comodoro do grande clube foi o Sr. Jean Charles Henry Fischer, holandês de nascimento. Também morava na pensão de Madame Striger, onde é hoje o hotel da Barra. Era amigo do Walter Taube e toda aquela história já contada.

YACTH CLUBE DA BAHIA- 1

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO
Colado ao Cemitério dos Ingleses, começa o Yacht Clube da Bahia. Aliás, quem desce pelo seu pequeno elevador inclinado ou tem acesso pelo seu novo elevador, vê à sua esquerda o cemitério que há pouco falávamos como que incrustado no morro.


Entrada pela Ladeira da Barra
Mais de século anterior, funcionava no local uma fábrica de xale. A entrada pela Ladeira da Barra, era assim

Vejamos a história desse extraordinário clube com base em informações colhidas em seus órgãos de divulgação:

“Corria o ano de 1934. Onde é hoje o Hotel da Barra, existia uma pensão que só hospedava estrangeiros. Pertencia a uma senhora conhecida como Madame Striger. Nela residia um casal russo e um filho pequeno. Era a família Taube, ele Walter e teria sido Czar. A mulher de Taube, sempre acompanhada pelo filho, costumava tomar banho de mar na praia em frente. Ela foi uma das primeiras mulheres em Salvador a usar maiô de duas peças, fato que, naturalmente causava um certo tremor naquela época. Quando ela aparecia, a balaustrada ficava repleta de observadores. Um deles, Alfredo Santas Souza, então com 19 anos, resolveu se aproximar e constatou que a moça era estrangeira e morava na pensão em frente. Foi uma abordagem mais de curiosidade do que de outra coisa qualquer, pelo amor de Deus! De imediato a bela jovem diz ser casada e convidou aquele desconhecido a conhecer seu marido. Era alto e mal falava o português, mas dava para entender alguma coisa. Era russo que nem a esposa. Chamava-se Walter Taube. Conversaram sobre barcos e as dificuldades de manutenção e segurança então existentes em Salvador para os proprietários de embarcações. Alfredo era um deles. Possuía um pequeno barco construído em Bom Jesus e vivia ancorado ali no Porto, ao léu. O próprio Taube começava a construir um de 5 metros de comprimento na própria Praia do Porto. Começaram a pensar num local que abrigasse as embarcações e principalmente onde construí-las, uma espécie de estaleiro. Pensaram na antiga Fábrica de Xales Vitória que se localizava na Praia dos Índios, entre a Praia do Porto e imediações do Corredor da Vitória. Foram dá uma olhada no local. Lá estava a antiga fábrica e como sempre acontecia naqueles tempos, era uma mansão como residência e uma extensão ao lado onde era propriamente a fábrica.


Antiga fábrica de xales Vitória
Precisavam de recursos. Procuraram os amigos. Na própria pensão tinha um já bem integrado, desde que vinha acompanhando a construção do barco de Taube. Chamava-se Jean Charles Henry Fischer e era holandês. Pronta a embarcação de Taube, programou-se a viagem inaugural para Itaparica onde Alfredo possuía uma casa. Este foi antes de navio para esperar os dois amigos. Depois dos “comes e bebes” os três “visionários” retornaram no barco de Taube. Estavam entusiasmados. Tinham que concretizar o sonho de um estaleiro, aonde, ao mesmo tempo, podessem guardar suas embarcações e jogar conversa ao vento. E bem à frente deles estava a tal casa de uma torre que mais parecia uma igreja do que mesmo uma fábrica.
Precisava de mais gente para o empreendimento que estavam sonhando. Procuraram os amigos Theodoro Selling Júnior e Alexandre Robato Filho, também desportistas. Antes já tinha obtido a adesão de Hermano Porto Fernandes, do Banco Alemão, gente de peso.
E, exatamente no dia 26 de abril de 1935, o grupo após sucessivas reuniões, resolveu visitar a firma A. Pereira & Cia, proprietária da ex-fábrica Vitória, conseguindo nessa oportunidade, uma opção de compra do imóvel por cinqüenta contos, opção esta assinada pelos senhores Alberto Alves Pereira e Alfredo Joaquim de Carvalho, sócios da empresa. Nessa opção, não se incluía a residência de uma torre, mas, tão somente, as “marinhas” e os galpões ao lado dela, onde efetivamente a fábrica funcionava. Incluía-se também na opção de compra um plano inclinado elétrico com todos os seus pertences, que ligava à fábrica ao resto do mundo, isto é, à Ladeira da Barra. Aí o grupo pensou: quem iria comprar uma casa, apenas ligada ao mar, desde que seu único acesso a terra tinha sido cedido? Retornaram à empresa proprietária e fecharam nova opção, já aí incluindo a referida residência. Nessa altura o grupo já estava reforçado por novos membros: Olivero Henry, Leonardo Carl Aune, Mário Sá e José da Costa Dórea. A partir dai começou a venda de ações que custavam 500.000 réis (um por cento do que o clube precisava para a compra definitiva), jóia de 50.000 reis e mensalidade de 15.000 réis.
Nesse ponto, começaram as reuniões preparatórias da Assembléia Geral de fundação do Yacht Clube da Bahia, nome escolhido para o clube. Essas reuniões foram realizadas na sede do Clube Baiano de Tênis. Em 10 de maio de 1935 fazia-se uma primeira sessão preparatória da Assembléia Geral de fundação presidida pelo Comandante Tandredo Tillemont Fontes, Capitão dos Portos, especialmente convidado para presidir a sessão. O prefeito de Salvador foi representado pelo Bel. Eduardo Prisco Paraiso. Na oportunidade foram constituídas as seguintes comissões: Técnica:( W. Taube/ T. Selling Jr. e F.T Browne); Orçamentária: (Carl Aune/ Frederico Espinheira); Escriturária: (A. Robato Filho/ Oscar Luz/ Olivero H.Leonardo/Mario Espinheira de Sá).
Em 14 de maio desse mesmo ano foi solicitada a prorrogação da opção de compra por impossibilidade de atender as formalidades legais no prazo concedido e em 19 de maio foram iniciadas as obras: reparo da entrada e do ascensor, montagem, limpeza e preparo geral, inclusive móveis.
“Por fim, em 23 de maio de 1935, o Yacht Clube da Bahia era fundado em reunião solene ainda na sede do Clube Baiano de Tênis”

(Este foi o relato feito por Alfredo Santos Souza, irmão de Vital Santos Souza, distinto amigo).



CEMITÉRIO DOS INGLESES

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO
Bem próximo da elevação onde se encontra a Igreja de Santo Antônio da Barra, à esquerda da Ladeira da Barra, acha-se o Cemitério dos Ingleses, construído numa área absolutamente privilegiada, formando juntamente com o Forte de S. Diogo, a Igreja de Santônio da Barra e os antigos casarões da Vitória, um espaço de singular apelo histórico e cultural.
Cemitério dos Ingleses

Detalhe muito curioso e que merece registro é o fato de que o Cemitério dos Ingleses foi instalado duas décadas antes da abertura do Cemitério do Campo Santo. Antes disso, com poucas exceções, os baianos católicos eram enterrados nas igrejas ou nas suas proximidades. Aos estrangeiros protestantes só cabia a opção de construir seus próprios cemitérios ao ar livre como era feito com os escravos e marginais.

O fluxo de ingleses para a Bahia se deu ainda no tempo de D. João. Foram navios ingleses que deram cobertura ao príncipe regente e sua corte durante a travessia Portugal-Brasil quando da transferência do reino para o Brasil e dois anos após a Inglaterra e Portugal assinaram tratados que dava a Grã-Bretanha o domínio mercantil sobre o Brasil. Dessa maneira, muitos ingleses vieram para o Brasil e especialmente para a Bahia, uns aqui de passagem e outros em definitivo.
Os que aqui permaneceram constituíram a comunidade inglesa formada em sua maioria por comerciantes, mas também tinha médicos, professores, engenheiros e tantas outras profissões.
O atual cemitério da Ladeira da Barra data de 1830. Antes disso, os ingleses eram sepultados na Maçaranduba, em Itapagipe. (1)

(1) - Diz-se também "Massaranduba"

FORTE SANTO ANTÕNIO DA BARRA - 2

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO



Ao lado da igreja, mas fazendo parte de um conjunto belíssimo, vemos essa simulação de uma greuta com a imagem de N.S. de Lourdes no seu interior. Ao seu lado esquerdo, uma maquete da tradicional igreja da França

N.S. de Lourdes


Reprodução - parece ela própria



O conjunto

Noutro ângulo

Interior

Mais interior



Ainda interior


ORAÇÃO À NOSSA SENHORA DE LOURDES

Dóceis ao convite de vossa via maternal, ó Virgem Imaculada de Lourdes, acorremos a vossos pés junto da humilde gruta onde vos dignastes aparecer para indicar aos que se extraviam o caminho da oração e da penitência e para dispensar aos que sofrem as graças e os pródigos da vossa soberana bondade.

Recebei, Rainha compassiva, os louvores e as súplicas quer os povos e as nações oprimidos pela amargura e pela angústia dos espíritos – pela luz da fé as trevas do erro.

Ó místico rosário com o cleste perfume da esperança aliviai as almas abatidas.

Ó fonte inesgotável de água salutar com as ondas da divina caridade reanimai os corações áridos.

Fazei que todos nós, que somos vossos filhos, por vós confortados em nossas penas, protegidos nos perigos, sustentados nas lutas, nos amemos uns aos outros e sirvamos tão bem ao vosso doce Jesus, que mereçamos as alegrias eternas junto a vosso trono no céu.
Amém.

A fundação da igreja de Santo Antônio da Barra se deu entre os anos de 1595/1600. Em estilo neo-clássico, muito próximo do barroco, a igreja foi construída em alvenaria de pedra e cal. É considerada um “edifício de notável mérito arquitetônico”. Tem uma nave única e um falso corredor no lado esquerdo. A fachada apresenta alto frontão triangular e duas torres terminadas em pirâmide revestidas de azulejos. Nas paredes laterais conforme mostram as fotos, estão seis quadros à óleo com referência a Santo Antônio. A pintura do teto é maravilhosa e não se conhece o seu autor. Teria sido feita em 1844. Na sala dos milagres encontra-se uma imagem de Santo Antônio em tamanho natural com a faixa de oficial de exército e era mesmo. O do Forte do Farol chegou a ser tenente-coronel. O da Barra deve ter sido pelo menos capitão.









MORRO DE SANTO ANTÕNIO DA BARRA - 1

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO
O morro de Santo Antônio tem inicio na Ladeira da Barra onde começa a se elevar. É um maciço montanhoso que caracteriza, de forma muito singular, a Cidade de Salvador nas chamadas cidades alta e baixo. O povo diz, entretanto, “Cidade Baixa” no seu “bainês” característico, da mesma forma que diz na “Baixa dos Sapateiros” ou na “Baixa do Bonfim” e demais “Baixas” que existem em Salvador.
Enseada dos Índios e Ladeira da Barra na altura do Morro de Santo Antônio Ano-1680

O mesmo trecho por volta de 1890

A carroça e seu animal estão na porta da entrada, hoje, do Yacht Clube da Bahia pela ladeira. Oportunamente, há de frizar que lá embaixo funcionava uma fábrica de xales. Muito provavelmente, a carga que a carroça está transportando poderia ser de xales.

Hoje -2010
Vamos subir essa ladeira e à sua esquerda desponta maravilhosa e bela a Igreja de Santo Antônio da Barra, que dá o nome ao morro nessa parte “Morro de Santo Antônio da Barra”. Este Santo Antônio é de Arguim, nas Ilhas Mauritânias na África.


Forte de Arguim na Mauritânea
A área de Arguim, foi explorada pelos portugueses entre os anos 1442 e 1445. Há uma corrente, entretanto, que afirma que o Santo Antônio da Barra teria se originado de Porto Príncipe, cuja capital é Santo Antônio.


Igreja Santo Antônio da Barra


De Mauritânea ou de Porto Príncipe?