segunda-feira, 19 de abril de 2010

RUAS DA BARRA

DE VILA PEREIRA À VILA DE CATHARINO

Como vimos na postagem anterior, a Av. Oceânica faz o contorno de grande parte do bairro da Barra e segue até Ondina. A outra parte, aquela que começa na esquina da Rua Marquês de Leão - onde se encontra a Cabana da Barra – é ainda a Av. 7 de setembro que começa no centro da cidade e, de forma inexplicável, continua na Barra,São Bento, São Pedro, Corredor da Vitória, Ladeira da Barra, Porto da Barra, tudo, mas tudo mesmo é Av. 7 de setembro. Achamos que está errado!
Paralelamente à Av. Oceânica, internamente, corre a Rua Alm. Marques de Leão e mais para dentro a Rua Afonso Celso. A Rua Alm. Marques de Leão praticamente é toda comercial. Nela se concentra a maioria dos restaurantes da área, os bancos, casas comerciais de diversos ramos, clínicas, etc.. Quase o mesmo já se observa na Rua Afonso Celso.

Mapa da região que se comenta
Da mesma forma que a Avenida Oceânica, o gabarito dessas duas ruas se mantêm baixo, aqui agravado pelo fato de atrás dela existir o Morro do Gavazza e sendo assim, nada pode ser construído acima da sua altura.

Em razão do paralelismo da Avenida Oceânica em relação à Rua Alm. Marques de Leão e Rua Afonso Celso, as mesmas são cruzadas por uma série de transversais à saber: Ruas Dias D’Avila, D. Marcos Teixeira, Alfredo Magalhães, Lemos de Brito, Francisco Otaviano, Leoni Ramos, Airosa Galvão, Artur Neiva e o fim da Rua Marquês de Caravelas.
Diariamente os moradores do bairro cruzam essas ruas mas duvidamos que algum deles saiba quem são as personalidades que dão seus nomes as mesmas. A verdade é que o baiano é muito desligado nesses detalhes. Poucos sabem informar com precisão onde fica determinada rua, quanto menos quem é ou quem foi a pessoa que a denomina. Talvez seja discutível se é ou não importante esse acréscimo ao conhecimento. Achamos que sim desde que não prejudica em nada, muito pelo contrário, só faz somar.
Começemos com a Rua Dias D’Ávila, a primeira das transversais. Não tem nada a haver com a cidade do mesmo nome. Refere-se a alguém da família Dias D’Ávila. O difícil é saber qual deles está sendo homenageado. O primeiro deles chamava-se Garcia de Souza d’Ávila e era filho de Thomé de Souza. Faleceu em 1609, e tem apenas parte do nome. Esse está descartado. Em seguida temos os seguintes nomes: Francisco Dias d’Ávila, Garcia d’Ávila II, Francisco Dias d’Ávila Pereira e Cel. Garcia d’Ávila Pereira III. É provável que tenha sido o primeiro dos Franciscos; o outro tem um Pereira atrapalhando no conjunto do nome. Sendo um ou outro, o importante é saber que os Garcias D’Ávila, chegaram ao Brasil já em 1609 e o primeiro deles era filho de Thomé de Sousa. Foi donatário de grande parte da cidade de Salvador, desde Itapagipe até Itapoan, Barra inclusive. Depois estendeu suas posses até o recôncavo norte, como sendo Dias D’Ávila, Mata de São João, onde está o famoso castelo Garcia D’Ávila.
Pela ordem, a segunda transversal denomina-se Rua D. Marcos Teixeira. O homem foi bispo e “bispo soldado”. Durante as invasões holandesas D. Marcos Teixeira organizou uma resistência contra os invasores holandeses. Quando alguém for à Igreja da Conceição da Praia do lado esquerdo da nave, há uma tela a óleo onde aparece o “bispo soldado”, montado a cavalo com suas próprias vestes e sobre elas, insígnias militares. Era um valente!
A terceira transversal chama-se Rua Alfredo Magalhães. Seu nome completo é Alfredo Magalhães Ramalho e foi pioneiro na investigação oceanográfica em Portugal e, conseqüentemente no Brasil e especialmente na Bahia.
A nossa terceira transversal chama-se Francisco Otaviano. Temos a foto do homem.

Francisco Otaviano (F. O. de Almeida Rosa), advogado, jornalista, político, diplomata e poeta, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 26 de junho de 1825, e faleceu na mesma cidade em 28 de junho de 1884. É o patrono da Cadeira n. 13, por escolha do fundador Visconde de Taunay.



É dele esses belíssimos versos:
Quem passou pela vida em brancas nuvens
E em plácido repouso adormeceu
Quem não sentiu o frio da desgraça
Quem passou pela vida e não sofreu,
Só passou pela vida... não viveu.
Foi espectro de homem, não foi homem.
Só passou pela vida... não viveu

A quarta transversal chama-se Rua Professor Lemos de Brito. Grande criminalista, foi professor da Faculdade de Direito da Bahia. Foi autor do famoso livro “Os criminosos e seus estigmas”, largamente utilizado pelos alunos das escolas de polícia. Em um dos capítulos desse livro Lemos de Brito aponta possíveis sinais antropológicos de um criminoso: mãos grandes, implantção anormal das orelhas, escassez de barba e pelos, fronte fugidia, desmedido desenvovimento das mandíbulas”. Será?

A quinta transversal é de outro poeta, igualmente nascido no Rio de Janeiro em 1875 e morrido em 1916. Era também bacharel em Direito. Chamava-se Raul de Leoni Ramos. Como fizemos com seu colega Otaviano, reproduzamos uma de suas poesias:

Não se pode sonhar impunemente
Um grande sonho pelo mundo afora,
Porque o veneno humano não demora
Em corrompê-lo na íntima semente...
Olhando no alto a árvore excelente,
Que os frutos de ouro esplêndidos enflora,
O Sonhador não vê, e até ignora
A cilada rasteira da serpente.
O que sempre acontece e aconteceu:
Prometeu e o abutre no rochedo,
O Calvário do Filho de Maria
E a cicuta que Sócrates bebeu!

Também temos sua fotografia:


Raul de Leoni Ramos
A sêsta é a Rua Airosa Galvão. Até nós tinhamos curiosidade de saber de quem se tratava. Seria uma mulher? Airosa! Não. Ao que tudo indica era o nome de um engenheiro paulista de fama nacional. Em São Paulo este nome é denominação de muitas ruas e à títutlo de curiosidade, o cantor Fábio Júnior, chama-se Fábio Júnior Airosa Galvão.
Por fim, temos a Rua Artur Neiva. Foi cientista, etnógrafo e político brasileiro. Viveu entre 1880 e 1943.
De relação à Rua Alm. Marques de Leão, destaque-se que o mesmo foi Ministro da Marinha do Brasil entre 15 de novemb ro de 1910 e 11 de janeiro de 1912.



Nenhum comentário:

Postar um comentário