quinta-feira, 29 de abril de 2010

LARGO DA VITÓRIA

DE VILA PEREIRA Á VILA CATHARINO
A tradicional Ladeira da Barra desemboca no Largo da Vitória, também tradicionalíssimo, em razão da igreja que ali se encontra magnífica e solene, a Igreja de Nossa Senhora da Vitória. Em frente, em direção ao Centro da Cidade segue o Corredor da Vitória cujo nome se origina da vitória na guerra da Independência da Bahia, quando as tropas nativas tomaram a cidade do governo português.
Igreja Nossa Senhora da Vitória
O Largo da Vitória tem também seu nome oficial: chama-se Praça Rodrigues Lima, personalidade que foi Governador da Bahia entre 1892 e 1896. Foi sucedido por Luiz Viana. Seu nome completo era Joaquim Manuel Rodrigues Lima. Era natural de Caitité. Nasceu em 4/05/1845 e morreu em 18/12/1903.
Rodrigues Lima
Apesar de seu valor histórico e patrimonial, somente em 2007 a referida igreja foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Naciona (Iphan), isto devido às ameaças manifestadas pela febre imobiária sobre a área onde ela se encontra, bastando lembrar que, logo atrás, uma determida construtora botou abaixo a Mansão Wildberger, afim de construir no local um prédio de 35 andares. Esta mansão ficava no entorno da coisa tombada, portanto, não poderia ser destruida, mas foi.

Mansão destruida

Parece que os autores do feito, herdeiros e construtores, alegaram que a igreja ainda não tinha o tombamento definitivo, contudo a lei é bastante clara a esse respeito quando, através do Dec. Lei 25 de 30/11/1937 determina que “para todos os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o tombamento provisório equiparará ao definitivo e, em sendo assim “não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça a visibilidade nem colocar anúncios ou cartazes...)
E será que o prédio que sería ou será construído impediria a visibilidade da igreja? Para responder é bastante ver a foto seguinte do entorno e, sem dúvida, a resposta é positiva.


A igreja é o imóvel com amplo telhado. A mansão são as edificações no seu fundo, à esquerda, em meio a uma área verde. Imaginem o que seria um espigão logo aí. Além do mais, iria prejudicar toda a área verde do local.


A Bahia está na expectativa. O Iphan já mandou os responsáveis pela destruição da mansão recuperá-la, na extensão demolida.


Eis a decisão: Vem o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, ADVERTIR V. SA. QUE ANTES DA ANÁLISE DO PROJETO DE DEMOLIÇÃO E DE CONSTRUÇÃO NO IMÓVEL LOCALIZADO NA RUA RODRIGUES LIMA, Nº 04, SALVADOR—BA, E EXPRESSA AUTORIZAÇÃO DA AUTARQUIA BASEADO EM PARECER TÉCNICO, NENHUMA OBRA DE DEMOLIÇÃO, ALTERAÇÃO OU CONSTRUÇÃO ESTÁ PERMITIDA OU PODE SER REALIZADA, SOB PENA DE INFRINGÊNCIA AOS DISPOSITIVOS LEGAIS ACIMA ESPECIFICADOS.


Mas, ao tempo que isto acontece, a Prefeitura desapropria a Vila Brandão que começa justamente ali no Largo da Vitória. Será que o decreto de desapropriação procura se coadunar com a decisão do Iphan ou está à favor da imobiliária e dos herdeiros? Só o tempo dirá.

Entrada principal da Vila Brandão - Num dos lados do Largo da Vitória

Mas, deixando esta briga de cachorro grande para lá, voltemos à nossa igreja e vejamo-la como ela era em tempos passados:


1890


1915

1920



1925

Sua estética foi reformulada para uma linguagem neoclássica em 1910, quando já predominava o movimento do ecletismo.
Em sua fachada branca, repleta de talhas, frisos, guirlandas e festões, encontra-se o clássico frontão triangular greco-romano, sobre colunas. Seus altares guardam grande acervo de imagens barrocas. Suas paredes são adornadas com afrescos dos Passos da Paixão. 4 lápides no interior da igreja foram inscritas, em 1938, no Livro de Tombo das Belas-Artes.
Naturalmente, não se pode falar da Igreja da Vitória sem se fazer uma referência toda especial ao Monsenhor Sadock. Hoje com 94 anos, dirige essa igreja de forma extraordinária. É requisatado para as grandes cerimônias que se realizam em Salvador. Hoje é o maior orador sacro da Bahia, quiçá do Brasi


Monsenhor Gaspar Sadock

Nascido em Santo Amaro da Purificação em 20 de março de 1916, desde pequeno Sadoch frequentava as missas e admirava o trabalho dos padres. Iniciou a vida religiosa ainda muito jovem, no ano de 1929. Aos 25 anos foi ordenado padre, em 30 de novembro de 1941. Sadock divide sua trajetória em três momentos principais, nas três paróquias em que trabalhou: em 1942 administrou a Paróquia de São Cosme e São Damião, na Liberdade, onde passou sete anos; em seguida foi transferido para a Paróquia Cristo Rei São Judas Tadeu, na Baixa de Quintas, onde trabalhou por 17 anos; em 1968 foi para a igreja Nossa Senhora da Vitória, onde atua até hoje, realizando diversos trabalhos sociais.







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