sábado, 15 de maio de 2010

RUAS INTERNAS DO PORTO DA BARRA


DE VILA PEREIRA À VILA CATHARINO


Estamos de novo no Porto da Barra, mais precisamente nas suas ruas internas – Ruas Cezar Zama e Barão de Sergy. Sempre tivemos curiosidade de saber quem eram essas duas pessoas. Quem não tem? A gente passa quase todos os dias por elas, citamo-nas em nossas correspondências e outras referências e não sabemos quem foram as personalidades que deram nomes a essas ruas.


Cezar Zama era baiano de Caitité, nascido em 19/11/1837, falecido em 20/10/1906. Foi médico, deputado e escritor. O sobrenome Zama vem do seu pai que era italiano e chamava-se Cesare Zama de Faenza, casado com D. Rita de Souza Spínola Soriano que fazia seu segundo casamento. Era riquíssima e são seus descendentes diversas expoentes da sociedade baiana como sendo Anísio Teixeira e Aristides Spinola. O cantor Waldick Soriano também descende desse tronco.


Arestides Cezar Spínola Zama, este seu nome completo, foi um deputado dos mais combativos, inclusive em favor da abolição. Certa feita, na Câmara, desafiado pelo deputado Valadares, que era escravocrata, respondeu à seguinte acusação:


Valadares: “Vossa Excelência é médico, então fala com a jurisprudência da medicina.”

Cezar Zama: “Não. Falo com a jurisprudência do Cristo, que pregava serem todos os homens iguais e tem no escravo seu semelhante”

Por fim, um dos seus ditos irrefutáveis: “Deus fez-nos racional e pensante; exercemos um direito inerente à nossa natureza. Só os vermes toleram ser calçados aos pés sem protestarem”.






Dr. Cezar Zama


E o barão de Sergy? Quem era? Era santamarense da gema e foi senhor de engenho naqueles lados.



Mansão datada de 1804- Em Santo Amaro



Nesta enorme mansão bem na praça principal da cidade de Santo Amaro da Purificação, ao lado da igreja, nasceu o nosso Barão de Sergy. Como já se disse, ele foi senhor de engenho daqueles lados. Aliás, diga-se de passagem que, a maioria dos “senhores de engenho” era tida como “barão”. Era só comprar uma mansão e homem ganhava o título. Se a corte não o desse o povo dava ou ele próprio se dava.


Afinal de contas, “barão é barão”.






Toda essa parte interna do Porto da Barra obedece aos parâmetros de gabarito da parte da frente, isto é, da Avenida 7 de Setembro, à medida que ela chega ali no Porto. A maioria dos imóveis é baixa com, no máximo, três andares, de modo que, passam pelo mesmo drama de desvalorização dos existentes em frente à praia.


Conseqüentemente, em sua maioria, estão em processo de deterioração, desde que, raramente há um beneficiamento em um deles. Por outro lado, não se pode achar que, de certa maneira, isto foi bom na conservação de traços arquitetônicos antigos, desde que na grande maioria eles não são antigos e isto se explica dessa forma: essa área era puro “mato” como já comentamos em postagem anterior. Existia a parte que dava para a praia e os casarões ali existentes tinham o fundo voltado para a atual Rua Barão de Sergy com seus quintais e pomares. Possivelmente até sítios ou pequenas fazendas. As terras dos Clementes chegavam até aqui.


Como curiosidade, nesse miolo, entre a Rua Cezar Zama e Barão de Sergy, funcionou durante algum tempo o Cinema Barra. Ninguém soube informar ao certo sua localização. O certo é que os cinemas de bairros foram, até a década de 1950, a grande diversão dos baianos de todas as idades. Ainda não existia a televisão nem os shoppings. O cinema era o grande programa dos domingos à tarde. Competia com o futebol!


Pesquisamos no local onde deveria ter sido o Cinema da Barra. Alguém achava que teria sido nesse prédio:

Teria sido aqui?

Bem ao meio da Rua Barão de Sergy, abre-se uma pequena praça com um grande nome: Praça Patriarca da Independência do Brasil, nada mais nada menos que José Bonifácio de Andrade e Silva. Para compensar, seus moradores chamam-na simplesmente de Largo dos Tamarindeiros pela existência de três dessas árvores no local.


Largo dos Tamarindeiros


Essa área da barra está repleta de pousadas, pequenos hotéis, restaurantes, bares, casas de chá e mais o que se pensar. Também as peixarias!



Esta é uma das pousadas em prédio de rara beleza. Esquina da Sergy com Cezar Zama.



Pequenos e bons restaurantes


Famosa casa de chá!



Vila Campos (sem saída)

Barão de Sergy com as duas saídas



A saída à direita da Rua Barão de Sergy vai dar no Largo do Porto e, daí em frente, na Ladeira da Barra que já percorremos. À esquerda, faz esquina com a Rua Barão de Itapoan que, por sua vez emenda com a Marquês de Caravelas e vamos nós em direção à Avenida Centenário no Chame-Chame. Lado contrário é a saída para a praia.



A esquina da Barão de Sergi e Barão de Itapoan vê-se excepcional imóvel onde funciona mais uma pousada das muitas existentes na Barra.



Em frente a esse casarão funciona um supermercado. Nesse local funcionava a Associação Atlética Banco do Brasil. Na primeira investida que a rede Paes Mendonça lhe fez para compra do imóvel, os bancários o venderam e se mandaram para a praia. Fizeram a coisa na medida certa. Afinal de contas, tinham a cabeça no lugar e sabiam fazer contas. Enquanto isto, o vizinho, a Associação Atlética da Bahia fez o que fez, isto é, fez de contas!

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