terça-feira, 11 de maio de 2010

MANSÃO COMENDADOR BERNARDO MARTINS CATHARINO

DE VILA PEREIRA À VILA CATHARINO

Vindo da Vitória, o grande acesso ao Bairro da Graça dá-se pela rua do mesmo nome e a cerca de 100 metros à direita, vamos encontrar a excepcional mansão Bernardo Martins Catharino, felizmente preservada.
Mansão.
O palacete foi construído entre 1904 e 1905 e seu projeto é de autoria do arquiteto italiano Batista Rossi. “Ele se insurge contra o neo-clássico e investe na liberdade decorativa do Ecletismo, a melhor resposta ao individualismo burguês”. São essas as palavras que se encontram registradas em um dos painéis de informação ao público. Em outro trecho desse mesmo painel, encontramos: “No espaço urbano que se busca construir, a arquitetura da casa tem o papel de demonstrar os recursos e o prestígio de um membro da elite e seus pares e às classes inferiores na disputa do poder”.

O projeto.
(À título de curiosidade, registremos alguns números da grande mansão: o terreno tem 4.850m2; a área construída 3.055m2; foram pintados 522m2 de forro e foram usadas 65 folhas de ouro de 23 quilates) .
Essa era a mentalidade de uma época. A coisa era feita para impressionar mesmo e a divisão de classes está absolutamente identificada sem nenhum pejo. Poder-se-ia poupar certas citações, absolutamente fora de propósito, a não ser que, a intenção tenha sido realmente esta, ou seja, desenhar com todas as cores, as diferenças sociais então existentes. Poder-se-ia também ter sido explicado que o padrão das grandes residências acompanhava o esplendor que a cidade tinha. Salvador era como que uma capital européia ou procurava sê-lo. Os dirigentes eram europeus, a cidade tinha o padrão de uma grande metrópole.

Uma Salvador intensamente feérica!


Jardins monumentais!



Fino acabamento.


Interiores luxuosos



Escadaria de jacarandá



Também tinha elevador.



Perfeito!


Comendador Bernardo Martins Catharino
(De bem com a vida e com sua consciência) é o que expressa o seu olhar)


Era português de nascimento ocorrido em 1862 num povoado chamado Santo André de Poiares nas proximidades da cidade de Coimbra. Chegou ao Brasil em 1875; tinha somente 13 anos e veio para trabalhar na empresa de um patrício, Joaquim José da Costa. Depois de algum tempo tornou-se gerente da mesma e aos 21 anos casou-se com a filha do patrão, D. Úrsula da Costa, tornando-se sócio da firma. Mudou-se para Salvador e já com recursos do casal reergueu diversas firmas falidas inclusive a União Fabril que passou a se chamar Companhia Progresso União Fabril que se tornou uma das maiores empresa do ramo no país com cinco fábricas e três mil operários. Era bastante preocupado com o social. Construiu escolas e moradias para seus operários e presenteava-os com um salário nos seus aniversários. Foi comendador, desde que recebeu do Imperador o título de Comendador da ordem da Rosa, pelo conjunto de sua ação empresarial e benemérita. Foi ele quem ofertou os altares-mor da Catedral Basílica e da Igreja do Senhor do Bonfim. Faleceu em 1944 com 82 anos.

Nunca esqueceu suas origens. Junto à uma chávena de ouro que tinha em casa, costumava manter a tigela de barro trazida de casa e onde comera no navio que o trazia para o Brasil. Aos mais curiosos explicava: “é para eu não esquecer o que fui”.

Isto é o que deveria ter sido escrito lá no painel do museu, em letras garrafais!








Um comentário:

  1. Meu pai, Alfredo Moreira Basañez, filho do Cônsul do Uruguai, Antonino Basañez Avalos de la Fuente, era afilhado do comendador e seus pais cultivam uma grande amizade e admiraação imensurável pelo mesmo.

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