Mas não era longe do centro da cidade? Era! Mas não tinha outro jeito. Olhando Salvador a partir da Barra até o Carmo, o limite mais extremo ao norte, não havia nenhuma outra enseada. O mar batia direto nas bordas do maciço desde a Gambôa até os baixios na altura do Carmo, inclusive onde é hoje o Porto de Salvador. Com os aterramentos que foram feitos nos séculos seguintes, o mar foi sendo afastado de sua aproximação natural, conforme tivemos ocasião de ver em postagem publicada em nosso outro blog – salvadorhistoriacidadebaixa.blospot com. -
Há de se reproduzir a extraordinária simulação.
E por onde subiam as mercadorias trazidas pelas naus, bem assim, como desciam outras tantas para o abastecimento das mesmas?
Vejamos a grande modificação introduzida por volta de 1900 através outra foto também preciosa:
Foi feito um corte no morro. Construiu-se uma balaustrada e foram colocados postes de iluminação. Aí, a ladeira tem seqüência até o Porto.
Vamos fazer algumas constatações dessas modificações através outros ângulos de observação. Primeiramente pelo mar, graças a uma magnífica tela do pintor Henrique Passos. Esse grande artista pintou a antiga Salvador de forma extraordinária. Suas telas são magníficas
A tela mostra a enseada a partir do mar. As residências ao alto do morro, inclusive os cinco coqueiros que se vê no paredão rochoso a que nos referimos na foto original, bem como dois grandes casarões. Ela ilustra muito bem parte do que estamos falando. No futuro, O Yacth Clube da Bahia aí se instalaria.
A segunda constatação se fará através uma preciosa foto a Praia do Porto, aí pelo século XVII
Praia do Porto – XVII
Como se vê, não existia ainda o princípio da Ladeira da Barra. No local, o mesmo mataréu da primeira grande foto e da tela de Henrique Passos.
Oportunamente, não podemos e não devemos passar a ocasião para comentar outros detalhes da excepcional foto. Ninguém nos perdoaria!
Primeiramente, ainda não havia o cais de contenção, só um pequeno declive, todo matoso. Residências no pequeno elevado e atrás delas uma extensa mata. (Mata Atlântica).
Há de se notar que o Forte de São Diogo já existia ao tempo dessa foto e na mesma posição onde hoje se encontra.
Em seguida, acompanhando a foto, segue um conjunto de dois casarões com uma espécie de um toldo saliente entre os dois blocos. Uma portaria? Isto nos inclina a pensar que o conjunto pertencia ao mesmo proprietário e com um mesmo fim. Relato da época nos conta que, nesse local, funcionava uma pensão onde só se hospedavam estrangeiros. Era a pensão de Madame Striger. Se as nossas deduções estão corretas, a tal pensão da Sra. Striger em verdade era um hotel de proporções bem razoáveis, o primeiro grande hotel de Salvador. Observem que na lateral da segunda estrutura há uma extensão do prédio da mesma forma que o atual Hotel da Barra ocupa. Hoje esse hotel tem inicio onde era o primeiro bloco do conjunto, contorna o atual prédio do Instituto Mauá na esquina e prossegue na lateral do Largo do Porto com continuidade na Ladeira da Barra.
O que este contorno pode significar? Simplesmente que o segundo bloco é hoje o Instituto Mauá que teria aproveitado a antiga estrutura e retirado apenas o telhado à moda antiga, que por sinal, é muito mais bonito que a configuração atual. A altura também indica a dedução.
A mata atlântica, com árvores que se elevam até quase a altura da igreja, muito provavelmente seria o Morro do Clemente que se estendia até aí. É uma dedução absoluta lógica!
Pelo visto, quando a Ladeira da Barra conseguiu seu escape pelo Porto, todo o conjunto de casas em frente à praia foi demolido para poder ser feito o atual prolongamento da avenida neste local.
O progresso urbanístico em Salvador foi feito com sacrifícios de um passado arquitetônico magnífico. Nada foi respeitado. Vejam o caso da antiga Catedral da Sé. Tiveram coragem de demolí-la. Diferente da Europa. Coisas muitas mais antigas, foram respeitadas.
Outro exemplo de um grande sacrifício arquitetânico, este mais recente, foi a demolição do prédio da antiga Biblioteca do Estado e da Imprensa Oficial, ambos na Praça Municipal. No local tiveram a coragem de construir o monstrengo que é a atual Prefeitura de Salvador. Desfiguraram completamente a grande praça.
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